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Migração Tecnológica e Metodologias Ágeis, Uma Sinergia Necessária

· 3 min read
Felipe Jorge Sales da Silva

Muitos profissionais e gestores de TI podem argumentar que projetos de migração tecnológica não são adequados para abordagens ágeis como o Scrum. Eles acreditam que esses projetos, que envolvem a transferência de dados, configurações e funcionalidades de um sistema antigo para um novo, necessitam de um caminho claramente definido com pouca margem para mudanças.

No entanto, essa visão não leva em conta a imprevisibilidade inerente a todos os projetos de tecnologia, incluindo migrações. Mesmo o projeto mais bem planejado pode enfrentar obstáculos inesperados, como problemas técnicos ou uma curva de aprendizado mais acentuada para os desenvolvedores.

Primeiramente, vale lembrar que a engenharia reversa, no contexto de migração tecnológica, geralmente envolve a compreensão de um sistema existente (frequentemente mais antigo ou obsoleto) para que possa ser recriado ou substituído por um sistema mais moderno ou eficiente. Isto implica em desmontar e analisar os componentes do sistema, entender como eles interagem e, em seguida, projetar um novo sistema com funcionalidade semelhante.

No entanto, só porque estamos recriando ou substituindo um sistema existente, não significa que não possa haver espaço para melhorias, otimizações ou novas funcionalidades, pois se trata de componentes e tecnologias diferentes. E é aqui que a presença de um Product Owner (PO) pode ser muito útil. O PO é responsável por entender as necessidades dos stakeholders, priorizar as funcionalidades e garantir que o produto final atenda às necessidades do negócio.

Por que considerar o Scrum para migração tecnológica?

O Scrum, e as metodologias ágeis em geral, oferecem uma estrutura flexível que permite às equipes se adaptarem a mudanças e lidarem com imprevistos de maneira mais eficaz.

Diante dessa realidade, é válido questionar se as metodologias ágeis, como o Scrum, poderiam ser aplicadas em projetos de migração tecnológica. Aqui estão algumas razões para considerar essa abordagem:

  1. Iterativo e Incremental: A natureza iterativa e incremental do Scrum permite uma detecção precoce e solução de problemas. Ao trabalhar em pequenas partes do projeto por vez, as equipes podem identificar desafios e corrigi-los antes que se tornem problemas maiores. Isto é particularmente útil na migração tecnológica, onde problemas inesperados são frequentes.

  2. Colaboração e Comunicação: A abordagem ágil coloca um grande ênfase na comunicação constante e colaboração efetiva, seja por meio de reuniões diárias de Scrum ou sessões de planejamento de sprint. Esta cultura de colaboração pode ser vital em projetos de migração, onde a clareza de objetivos e responsabilidades é fundamental.

  3. Flexibilidade: Projetos de migração podem ser marcados pela mudança. Seja uma alteração no escopo, problemas técnicos não previstos ou feedback do cliente, o Scrum permite uma resposta rápida e efetiva a essas mudanças.

  4. Feedback Contínuo: A abordagem ágil preconiza a entrega contínua de valor, permitindo o feedback frequente de stakeholders e a oportunidade de ajustar o curso do projeto, se necessário. Em projetos de migração, esse feedback contínuo pode ser crucial para garantir que o novo sistema atenda às necessidades do negócio.

Conclusão

Embora a migração tecnológica possa apresentar desafios únicos, a aplicação adaptativa das metodologias ágeis pode ser benéfica. A escolha da metodologia deve ser baseada nas necessidades e circunstâncias específicas do projeto, e não em prescrições rígidas.

Apesar das percepções iniciais, o Scrum e outras metodologias ágeis podem, de fato, ser aplicados com sucesso em projetos de migração tecnológica. Com a capacidade de se adaptar a mudanças e enfrentar desafios imprevistos, essas abordagens podem fornecer uma estrutura eficaz para navegar por esses complexos projetos de TI.